domingo, 25 de julho de 2010
O que foi feito das músicas com cara de manhã de domingo, cheia de malemolência e poesia? Cadê a nova geração de Cazuza, Caetano, Gil, Rita Lee, Chico Buarque? Pior é que eles existem e somos tão tomados pela era funk, pop, sertanejo que não nos damos conta de quanta coisa maravilhosa pode chegar aos nossos ouvidos. Culpa de quem? Nem saberia dizer... Talvez nossa, devido ao conformismo, sim, somos a geração conformismo, aceitamos apenas aquilo que nos é mais simplório. Não o simplório poeta, e sim o simplório esdrúxulo. Refrões com composições mais simples são mais perceptíveis, não dão trabalho para se gravar a letra, não necessitam de inteligência para decifrá-los. Quanta burrice e falta de sensibilidade. Deveríamos levantar a bandeira das bandas independentes, das que fazem arte por pura arte, daquelas que são corajosas ao ponto de não se importar com o fato de não serem aquilo que as gravadoras se interessam e nadam contra a corrente. Aparecem em pequenas manifestações mas gritam ao mundo palavras lindas, canções clássicas, poesia pura. Onde está a televisão neste ponto? Se preocupam em divulgar modinhas. Quer coisa mais retardada que modinhas? Burro deles, coisas ruins e comuns são passageiras, apenas o que é raro fica. Conheçam Ana Cañas, Movéis, Maria Gadú, Diego Moraes, Natiruts, Vanessa Da Mata, Zeca Baleiro, Vander Lee, Los Hermanos e tantos outros que eu gastaria a tarde toda para citar. Esses sim estão preocupados em cantar para denunciar, para serem ARTISTAS. E é claro, não poderia deixar de apelar para que não deixemos os nossos antepassados serem esquecidos, nem muito menos trocados por aqueles que usam a música para banalizar sentimentos incríveis como amor, sensibilidade, raiva, medo, espírito trasgressor. Não sou hipócrita a ponto de dizer que não ouço funk e esses pop's de hoje, escuto sim, mas admito que não carregam nenhuma mensagem. E termino com uma certeza, os grandes poetas em circunstâncias como a da música hoje, reviram na cova.
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Oi, Marina,
ResponderExcluirgostei do seu blog. Vc. escreve bem... e não é só isso, escreve coisas verdadeiras. Traz o cotidiano à reflexão...
Los Hermanos, dentre as bandas que vc. elencou como grandes representantes de nossa MPB, é uma de minhas preferidas, também. Aliás, estou construindo um blog com análise e interpretação de algumas de suas canções...
Passa lá, dá uma olhada e comenta... Quem não gosta de de ser lido por bons blogueiros?
Abraço,
Amorim
Obrigada Amorim.
ResponderExcluirPassarei lá sim e continue visitando aqui.
Bom, Mariana, eu prefiro pensar tudo isso sendo um pouco mais empático, talvez "admito que não carregam nenhuma mensagem" pra você, porque pra quem mora na favela tem muito a ver (sei que tem playboy que ouve, mas eles ouvem o que a mídia impõe, o próximo hit do verão eles irão amar), ou seja, os gêneros musicais são construídos socialmente, e o funk já faz parte da música brasileira, pode notar que as pessoas não falam mais "funk carioca", é "funk de favela". Dica de leitura é o História Social da Música do Tinhorão, especialmente os trechos em que ele fala do Lundu, Maxixe, Batucada e Samba, você verá que o processo é sempre o mesmo. Ah, o apelo erótico também.
ResponderExcluirGostei do seu blog.
;-*
Obrigada pela visita e por expressar sua opinião. Que o estilo musical acaba sendo constituído socialmente concordo plenamente. Porém o funk por exemplo traz sim a cara do Brasil, mas muitas vezes distroe a figura feminina e distorce por completo o sexo. Vou procurar o livro, adoro novidades. Mais uma vez obrigada :)
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