Eram cerca de 6 horas, me encontrava no ponto do ônibus e embora fosse horário de pico, todos saindo do trabalho, sentada naquele banco se si via eu e meus pensamentos. Ao redor, conseguia ver toda cidade se mexendo, agitada, com todos os faróis de carro, ônibus e caminhões. Apesar de toda essa movimentação, no raio em meu entorno tudo estava intacto e vazio. Passavam alguns ônibus, cada um com um tipo de passageiro, uns com estudantes outros com trabalhadores braçais... Mas nenhum parecia ser capaz de me levar a algum destino atrativo, as rotas não coincidiam com meu estado de espírito. Eis que consumida pelos meus pensamentos ouvi uma voz ao longe:
- Olá, será que poderia me informar se o ônibus para o Bonfim já passou?
Nunca tinha me deparado com aquele homem, era uma figura interessante. Não respondi, mas lembro-me bem que sentou ao meu lado. Começou a falar das coisas da vida, arte, filosofia, e tantas outras coisas racionais. Aquele homem fez o meu tempo de espera valer a pena, nem vi o tempo passar, estava tão hipnotizada que mal sabia o real motivo de estar ali. Contudo, parecia que após nossa conversa eu me sentia bem, completa, produtiva, mesmo que tenha durado não mais que vinte minutos. Um ônibus se aproximou, meu companheiro como se me conhecesse há anos me convidou para um café, um prolongamento daquela conversa que não tínhamos fazia tempo. Eu não tinha destino, objetivo ou qualquer rota pré estabelecida naquele momento. Sem hesitar apertei a sua mão e hoje tenho convicção de que não preciso ter arrependimento da conversa com este desconhecido amigo que me permitiu uma outra realidade que não a monotonia.
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