segunda-feira, 11 de julho de 2011
Ao abrir a porta
Estou cansada da sua frieza, da sua falta de desejo e de como insiste em ser indiferente a tudo que já vivemos. Não percebe que odeio as suas frases prontas, o fato de dirigir a mim com um simples Bom Dia, Boa Noite, Vou trabalhar, Volto as 7... Quando nos conhecemos, os primeiros anos, pareciam sonhos. Vivíamos em uma constante descoberta, a sintonia era imensa a ponto de não precisarmos dizer uma só palavra, o toque, o beijo, o olhar já diziam tudo. E hoje você me vem com métodos tradicionais de trato social. Não! Eu quero que você entre pela porta da nossa casa e não diga nada, apenas me olhe e me envolva em um beijo quente. Nossos corpos unidos em uma dança cheia de compasso e você me conduzindo até o quarto. Beijos, carícias, transpiração, desejo... Na cama reviveríamos o que a muito estava frio entre nós, o desejo gritando a ponto de todos os objetos do quarto ensurdecerem. Gotículas de suor condensando no ar. Paixão. Ardência.Ato consumado e perfeitamente realizado. Ali, esticada em meio a lençóis, escutaria ao longe a televisão anunciar o próximo fim do mundo. Estaria com o espírito elevado demais para me preocupar.
segunda-feira, 13 de junho de 2011
Não da pra resistir...
a Caio Fernando Abreu:
"Ele é de um jeito que ainda não sei, porque nem vi. Vai olhar direto para mim. Ele vai sentar na minha mesa, me olhar no olho, pegar na minha mão, encostar seu joelho quente na minha coxa fria e dizer: vem comigo. É por ele que eu venho aqui, boy, quase toda noite. Não por você, por outros como você. Pra ele, me guardo. Ria de mim, mas estou aqui parada, bêbada, pateta e ridícula, só porque no meio desse lixo todo procuro o verdadeiro amor. Cuidado, comigo: um dia encontro."
quarta-feira, 4 de maio de 2011
Na janela havia uma coruja
Morando em cidade existem coisas que não aparecem com grande frequência. Porém, eu recebi a dádiva de uma visita super inusitada aqui em casa, uma linda coruja pequena e bem misteriosa. Não sou o tipo de pessoa que se sensibiliza fácil, aliás, diria que sou bem insensível, mas não sei o que esta criatura tem de mais que sempre que a vejo eu fico arrepiada. Não o arrepiado de temor, de medo, mas de delicadeza, de vivenciar uma coisa que normalmente não aconteceria. Acontece que minha nova amiga, já apareceu por aqui três vezes, e em todas elas eu fixei o olhar junto com ela. Pode parecer bobagem, mas ela me faz bem e eu realmente fico emocionada quando a vejo. Existem os que associam a figura de uma coruja a um mal presságio, a morte, ou a chegada de coisas negativas. Não sei porque, mas em relação a esta, prefiro acreditar que talvez ela signifique mudanças, novas perspectivas, outras realizações. Este post é algo meio sem nexo, mas queria escrever sobre este acontecimento. Realmente espero que ela continue a fazer estas visitas de modo tão sutil.
terça-feira, 26 de abril de 2011
Aos 18
A vontade de fazer 18 anos nunca foi algo desesperador na minha vida, mas sempre existiu uma pequeno desejo de perceber como as coisas seriam. Sábio são os que dizem que quando você quer muito algo, quando ele chega, perde a graça. Francamente, o que isso vai mudar na minha vida além de a partir de hoje eu responder sozinha pelos meus atos e poder ser presa? Sempre nessa vida se arruma um jeito pra burlar as normas de conduta, ou seja, muito do que os tão sonhados 18 anos me proporcionariam em tese, já foram feitos. Além do mais, deveria ser uma data cheia de comemorações e foi um dos aniversários mais nostálgicos de toda minha longa vida. Fiquei só, sem sentir os abraços dos meus amigos, meus pais nas rotinas deles e nem sequer pude atender as ligações feitas a mim por não estar em casa. Para piorar ainda mais, tive um presente de aniversário nada agradavél, falar e discorrer a respeito da obra de Karl Marx para fins avaliativos. Conselho de quem já viveu, não espere pelos 18 anos, isso não muda nada na praticidade da vida. Hoje me vejo cada vez mais velha, não que os janeiros a mais me incomodem, mas é um pouco triste ver que infelizmente eu não vivi cada momento até aqui como eu realmente gostaria. Talvez seja isso o produtivo que a idade me traga, um exame de consciência para passar a levar a vida de uma maneira mais leve e proveitosa.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Já se faziam meses que eu não passava por aqui. Foi um início de ano um tanto quanto conturbado e de muitas aprendizagens para alguém que levava uma vida bastante encanada. Pra que serve o tempo? Pra que dar importância a projeções futuras? A vida é muito incerta e pessoas extremamente monótonas e controladoras, assim como eu, sofrem além da conta com essas perspectivas nada previsíveis. A metafóra para o momento é estar cega... é possível sentir as mudanças, perceber que nada era como antes, mas eu estou cega diante dessa nova vida. Tudo mudou, amizades se foram, pessoas que tinha como presentes eternamente na minha vida não ocupam mais esse posto. Essa transitoriedade me incomoda, e muito, mas sinto que hoje estou bem mais renovada e que não é um simples cliche quando se diz que nós aprendemos com os erros e com as derrotas. Minha filosofia de vida agora não é nada mais que isso: " Aprendi com a primavera a me deixar cortar para poder voltar sempre inteira". E é claro, algo que aprendi com o vestibular é que tem suas bases na vida prática, o tempo não serve de nada, é uma simples dilatação da alma. Perder tempo com passado e futuro seria de modo bem intransigente uma bobagem, não devemos fazer essa separação, o foco esta no presente como algo contínuo.
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